"O túmulo recebe algo para sempre.
O túmulo aberto se fecha.
Assemelha-se ao
seio da terra, que se abre e fecha.
Por esta razão, diante do túmulo de um
morto, ao lançar a terra sobre o caixão, o sacerdote diz: “Vieste da terra e à terra
retornarás”.
No túmulo se encerra o ciclo de nascimento e morte.
Depois, porém, cuidamos do túmulo e recordamos os
mortos.
Ainda os conservamos entre nós por algum tempo, pois nos fazem falta.
Talvez nos sintamos atraídos por eles, e eles também nos atraiam para si.
O
túmulo é o lugar onde nos encontramos e onde essa sensação é mais forte, mas
depois somos puxados de novo para longe dele.
É, como se não devêssemos ficar
lá por um tempo excessivo, sob pena de sermos realmente atraídos para os
mortos.
Precisamos sepultar os mortos em nossa alma.
Também
nela a vida deles tem o direito de terminar.
Contrariamos isso quando
conservamos objetos que lhes pertenceram.
Antigamente, todas as posses do
falecido eram depositadas no túmulo, juntamente com ele.
Com isso, sua vida
realmente cessava. Nada restava dele que pudesse atrai-lo pra os vivos.
Talvez devêssemos, ainda hoje, adotar o mesmo
procedimento.
Ele liberta os vivos dos mortos e, talvez, também seja necessário
pra deixar os mortos em paz."
Nenhum comentário:
Postar um comentário