Reflexão escrita em 2019 por René Schubert a partir do trabalho em
consultório como psicoterapeuta seguindo na linha psicanalítica com clientela
infantil e adulta.
Psicoterapia Individual -- é um
espaço especializado no atendimento psicoterápico, que trata dos aspectos
psíquicos singulares do indivíduo. É o trabalho dos afetos, emoções, padrões e
pensamentos do indivíduo que o levam a ter consequências negativas ou sofrimento
em seu dia a dia. Com base teórica psicanalítica, muitas temáticas e questões
que o indivíduo traz às sessões psicoterapêuticas podem ser refletidas,
problematizadas e reconstruídas, visando uma melhor adaptação e interação com o
meio social, profissional e cultural.
A partir da imagem humorada acima
e da animação que segue a seguir, surge esta reflexão tão importante sobre os
cuidados que o psicoterapeuta, terapeuta, facilitador, precisa ter consigo
mesmo.
Seu material de trabalho é o
material humano. O dia todo em contato com as manifestações e conteúdos
trazidos por crianças, jovens, adultos, homens, mulheres, idosos, famílias,
casais. Afetos, emoções. Histórias, tramas e dramas. Angustias, incômodos,
desconfortos, insatisfações. Sentimentos. Dores e Machucados. Conflitos
internos e externos. Traumas, transes e mecanismos de adaptação. Personagem
preferidos e preteridos. Exclusões, preconceitos, julgamentos. Pensamentos
sombrios. Desejos assustadores. Fantasias terroríficas e por vezes libertadoras.
Comportamentos, crenças que auto-sabotam. Vínculos pesados...também vínculos
leves. Crenças que limitam...crenças que levam e mantém o sucesso. Palavras mal
ditas...palavras mágicas. Relacionamentos tóxicos, relacionamentos fugazes,
relacionamentos sofridos...relacionamentos que levam adiante.
E por todas estas cenas, dores e
cores...a pessoa do psicoterapeuta já passou. Já vivenciou. Já presenciou. Já
sentiu e tocou. E é esperado que tenha trabalhado estas, em seu próprios espaço
terapêutico de escuta, acolhimentos e transformação.
Como colocado pelo facilitador
Thomas Bryson: "Um cliente trará suas sombras para o atendimento, para o
campo. Para adentrar nestas sombras, o terapeuta precisa estar preparado,
precisa ser capaz de estar e se manter na presença. Para tal precisa conhecer
suas próprias sombras, e precisa ter visitado e tomado contato com as mesmas
diversas vezes. Apenas um terapeuta que conhece suas próprias sombras pode
entrar nas sombras do cliente sem ser desviado ou engolfado por estas."
E como colocado por Carl Gustav Jung: "Um psicoterapeuta neurótico tratará infalivelmente de sua própria neurose no paciente. A terapia que não leva em conta a qualidade da personalidade do médico pode, quando muito, ser concebida como uma técnica racional; como o método dialético, porém, torna-se impraticável, pois exige que o médico saia de seu anonimato e preste contas de si mesmo, exatamente como faz com o paciente. Não sei qual a dificuldade maior, adquirir um grande saber, ou saber renunciar à própria autoridade profissional e ao anonimato."
E também como nos aponta o psicanalista
Jorge Forbes, "somos profissionais do incompleto". Lidamos com a incompletude.
Com o imperfeito. Somos incompletos e imperfeitos. Isto nos faz inquietamente buscar,
aprimorar, transformar.
O trabalho do psicoterapeuta,
terapeuta, facilitador...é constantemente sobre si mesmo. Para poder fornecer
recursos e ferramentas, reflexões e estratégias, possíveis e vívidas ao seu
paciente/cliente.
Sigmund Freud apontava para
importância do tripé da psicanalise: Análise pessoal, supervisão e estudo
teórico. Trabalhar seus temas pessoais, suas angustias e medo em seu espaço
terapêutico. Supervisionar as questões práticas difíceis que surgem no dia a dia
da clínica. Aprofundar e manter os estudos teóricos...pois cada
paciente/cliente, traz o novo ao consultório. Cada caso é um caso.
Desenvolvemos as hipóteses diagnosticas, estratégias clinicas, tratamento, a
partir de cada novo caso como este se apresenta e desenvolve. Ou seja este
tripé sugerido por Freud, é movimentado constantemente pelo(a) o(a) terapeuta.
Lidando com seres humanos, como
o(a) próprio(a) terapeuta, o(a) mesmo(a) precisa estar em constante movimento
de escuta, paciência, tolerância, inclusão do novo, supervisão, aprimoramento,
aprofundamento, abertura.
Somos incompletos, vulneráveis e
frágeis...também...e isto não é uma fraqueza, muito pelo contrário, isto é uma
força. Para tal precisamos trabalhar, com frequência, estes aspectos. Estar
atentos e respirar conscientemente. Entrar em contato. Reconhecer. Diferenciar.
Reverenciar. Dar um lugar. Integrar. Atuar, com consciência e presença!
Psicoterapia: Animação mostra a relação Psicólogo e Paciente
Essa animação mostra, de forma
simbólica a relação Psicólogo X Paciente, e a importância do Psicoterapeuta
também cuidar de sua própria Saúde Mental. O psicoterapeuta além de sua
formação teórica e conhecimento clínico, precisa também de acompanhamento
psicoterapêutico e supervisão - para que possa lidar com as diferentes
demandas, afetos, situações trazidas por seus pacientes singulares , sem deixar
seus próprios assuntos e opiniões interferirem neste trabalho. Sigmund Freud
apontou que a clinica é suprema, é onde mais aprendemos e vivenciamos - porém
para alcançar a postura analítica é necessário estudo teórico, analise pessoal,
supervisão clínica e constante aprofundamento.
A Arte da Ajuda - Bert Hellinger (Legendado PT)
Referências para estudo:
Sobre a animação disponível no
Youtube: Originalmente postado em 2010 pelo nome Garra Rufa - A short animated
film done by a group of artist at Sheridan College. Explores the mind of a
psychiatrist.
Bert Hellinger - Religião,
Psicoterapia e Aconselhamento Espiritual. Editora Cultrix, 2005
Bert Hellinger – As Ordens da
Ajuda. Editora Atman, Pato de Minas, 2005.
Bert Hellinger - A arte da Ajuda
- Disponibilizado em 2017 - Tradução livre do inglês para o português por René
Schubert: https://www.movimentosistemico.com/post/the-art-of-helping-conferência-de-bert-hellinger
Contardo Calligaris - Cartas a um
jovem terapeuta. Alegro, 2004
Carl Gustav Jung - A prática da Psicoterapia. Editora Vozes, 16ª edição, 2013
Irvin Yalom – Os desafios da
terapia – reflexões para pacientes e terapeutas. Ediouro, 2006
Jorge Forbes – Da palavra ao
gesto do analista. Campo Freudiano no Brasil. Jorge Zahar Editor
Sigmund Freud – Recomendações aos
Médicos que Exercem a Psicanálise (1912); ‘A Dinâmica da Transferência (1912);
Analise terminável e interminável (1937). Editora Imago
Ursula Franke - Quando fecho meus
olhos vejo você – Editora Atman, 2006
Dra. Ursula Franke e Thomas
Bryson – Treinamento Relacionamento e Constelações – setembro 2016: http://aconstelacaofamiliar.blogspot.com/2016/09/treinamento-internacional.html
René Schubert - Cuidando do
Cuidador - Para a plataforma Movimento Sistêmico (Novembro 2019):https://www.movimentosistemico.com/post/cuidando-do-cuidador
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