"Hellinger: Fiz e ofereci terapias durante muitos anos e descobri que tudo se resume a uma coisa, algo muito simples. A terapia conhece apenas um caminho que leva ao objetivo: conectar alguém à sua mãe ou ao seu pai. Isso é tudo. Com algumas pessoas é mais fácil, com outras um pouco mais difícil. Alguns ficam presos em acusações contra seus pais.
Não podemos trabalhar com ninguém que se apresente como vítima. Quem se apresenta como vítima é agressivo contra outros. E estes ficam irritados quando ele se apresenta dessa maneira. Quando ele vai a um terapeuta, acaba o irritando: "Coitadinho de mim, você precisa me ajudar. Ai de você se não me ajudar da forma que eu quero."
Essa é a agressão que se esconde por trás dessa postura de vítima. Muitos que já estiveram em um orfanato têm acusações contra seus pais. Dizem: "Se tivesse sido de outra maneira, teria me tornado outra pessoa."
Uma vez fiz um exercício em relação a isso. Um hipnoterapeuta dos EUA fez um exercício comigo e com outras pessoas.
Ele colocou três retângulos no chão, um ao lado do outro. Um representava os pais ideais.
Quando ficávamos sobre esse retângulo, possuíamos os pais ideais. A pergunta é: qual é a sensação?
Depois, ficávamos sobre o segundo retângulo. Ele representava os piores pais que podem existir.
Também aqui a pergunta foi: qual é a sensação?
No terceiro retângulo, olhávamos para os nossos pais da forma que são.
A pergunta: qual é a sensação?
E qual foi o resultado?
Qual era a sensação?
A sensação era a mesma em todos os retângulos.
Ou seja, todos têm as mesmas chances se as desejarem. Muitos que estiveram em orfanatos ou crianças que foram adotadas, sentem-se destinados a fazer acusações contra outros. Apresentam-se como vítimas para exigir compaixão. Contudo, quando alguém diz: "Meus pais foram assim e concordo com eles da maneira como são. Recebi tudo de que preciso. Outros me ajudaram e agora farei algo com isso”, essa pessoa é livre e olha para frente."
Olhando para a alma das crianças - Bert Hellinger ( 2015 - Editora Atman - Título original alemão: Kindern in die Seele schauen)
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