Nutrição
Sistêmica: a filosofia da Constelação Sistêmica Familiar aplicada à ciência da nutrição
Esse
trabalho, que denomino Nutrição Sistêmica, é fruto de seis anos de estudo e
observação. As descobertas que fiz ao observar os casos que atendia do ponto de
vista sistêmico trouxeram mais clareza ao meu trabalho e possibilitaram-me
integrar as áreas da Nutrição e das Constelações Sistêmicas Familiares na forma
como escrevo e oriento as famílias. Por uma
questão ética, quando um cliente me procura como nutricionista eu não facilito
uma Constelação Familiar. Conforme os
clientes conhecem esse trabalho e me procuram com esse objetivo, eu a realizo.
Atuo separadamente conforme a demanda do
cliente, mas o meu olhar e minha forma de atuar são sempre integrados.
A alimentação é uma área complexa, pois
envolve aspectos fisiológicos, bioquímicos, hormonais, psicológicos, sociais,
culturais, políticos, econômicos e geográficos; crenças, vínculos afetivos,
lealdades invisíveis, entre outros.
Muitas vezes a orientação nutricional não é eficaz
e não gera a mudança de comportamento, pois o que o cliente relata é apenas o
sintoma e não a causa do problema.
A Constelação
Sistêmica Familiar é uma filosofia que nos permite olhar para o essencial, para
a dinâmica oculta que está por trás das queixas. Segundo Bert Hellinger -
filósofo, pedagogo, teólogo, psicanalista alemão e criador desse trabalho -
"o essencial é simples" e "no essencial temos tudo".
A base dessa
filosofia são as ordens do amor: 1) pertencimento - todo indivíduo tem o direito de pertencer ao
seu sistema, 2) hierarquia/ordem - ordem de precedência (aquele que veio
primeiro tem precedência sobre o que veio depois), a ordem de chegada e o lugar
do indivíduo na vida, 3) equilíbrio, para
que as relações fluam é preciso que haja equilíbrio entre o que se dá e se
recebe.
Somos todos parte
de um grande sistema. O núcleo familiar é um fractal dos demais sistemas que o
compreendem. Estamos conectados e nossos comportamentos são influenciados
diretamente pela cultura, crenças, valores, hábitos, traumas e medos que regem
o sistema no qual estamos inseridos. Seguimos os padrões do meio em que vivemos
pelo direito de pertencer – até acessarmos essa consciência e a liberdade de
individuação.
Uma criança que
nasce em uma família que todos bebem refrigerante irá beber refrigerante
também. A criança segue o exemplo dos pais por amor e lealdade. Nesse caso, é
muito confuso para ela ouvir de um nutricionista ou médico que refrigerante faz
mal à sua saúde e poderá lhe prejudicar, pois internamente ela sente: “Meus
pais bebem e me oferecem refrigerante. Então, meus pais querem o meu mal?” É
preferível acreditar que os profissionais estão errados do que pensar que os
pais querem seu mal. Outra possibilidade de comportamento diante desse exemplo é
essa criança desejar ser o oposto dos pais. Nesse caso ela não irá consumir o
refrigerante porque quer ser melhor que eles, pois os julga errados. Apesar de
parecer favorável do ponto de vista nutricional, essa dinâmica também está em
desequilíbrio, pois ao julgar os pais ela se considera acima e melhor do que
eles, com isso a criança sai do seu lugar de filha. Como conseqüência no
comportamento alimentar ela poderá futuramente fazer restrições alimentares
severas, tornar-se muito rígida com a alimentação e viver em conflito por medo
de ser como sua família.
O hábito
alimentar da criança é consequência do meio em que está inserida, do que lhe é
oferecido e ensinado a gostar. Atender uma criança significa olhar para todo
seu sistema familiar. Se as orientações nutricionais são direcionadas apenas a
ela, segui-las a diferencia dos demais familiares e desperta uma sensação de
estar sozinha, de não fazer parte. Transgredir o sistema de origem gera culpa e
medo de não pertencer. Para uma criança mudar o hábito alimentar de forma
eficaz é necessário que os pais tenham o mesmo discurso e comportamento. É
preciso que todos acreditem e vivam a mesma verdade.
Em uma
família de pessoas com excesso de peso, que possuem hábitos alimentares
inadequados, a causa da continuação do problema nas próximas gerações não
necessariamente é genética. Fatores ambientais, como hábitos alimentares, podem
mudar o funcionamento dos genes, sem alterar a sequência do DNA, e serem herdados
pelas próximas gerações. A alteração não genética no genoma é definida como
epigenética.
Essa é uma
informação de grande relevância do ponto de vista sistêmico, pois da mesma
forma que o genoma pode ser alterado de forma negativa, ele também pode ser
modificado de forma positiva. Isso devolve ao indivíduo a responsabilidade e a
força para mudar sua condição.
Aplicar a filosofia
da constelação sistêmica familiar à ciência da nutrição nos permite olhar para
o que está vinculando o individuo ao comportamento alimentar inadequado, qual é
a ordem do amor que está em desequilíbrio e onde é preciso atuar.
A Nutrição
Sistêmica não substitui as demais áreas da nutrição e sim as complementa. A eficácia
dessa metodologia está em devolver à pessoa a responsabilidade e a autonomia
pelas suas escolhas, comportamentos e resultados.
Os
profissionais são facilitadores do processo e, para isso, precisam ter a mesma
consciência sobre seus comportamentos. Para gerar uma mudança no outro é
preciso SER, não basta ter o conhecimento. A consciência nos permite ser um
exemplo congruente do discurso e inspiração para mudanças que queremos no
mundo.
"A alimentação é um ato de amor próprio" Renata Pinotti
Referências bibliográficas:
Hellinger, B. Ordens do Amor: um guia
para o trabalho com as Constelações Familiares. São Paulo: Cultrix, 2007.424p.
Hellinger, B. Ordens da Ajuda. 3 ed.
Goiânia: Atman, 2013. 248p.
Franke, U. Quando fecho os olhos vejo
você: As Constelações Familiares no atendimento individual. Patos de Minas:
Atman, 2006.175p.
Pinotti, R. Guia do bebê e da criança
com alergia ao leite de vaca. São Paulo: Gen/Ac Farmacêutica, 2013.150p.
Renata Pinotti
Nutricionista do Hospital da Criança e
Maternidade de São José do Rio Preto
Nutricionista graduada pelo Centro
Universitário São Camilo (2000)
Especialista em Nutrição Hospitalar pelo
ICHC-FMUSP (2002)
Mestre em Nutrição Humana Aplicada- PRONUT -USP
(2006)
Facilitadora em Constelação Sistêmica e
Familiar segundo Bert Hellinger (1ª formação pelo ISPAB - Munique/Conexão
Sistêmica de 2011 a 2013, 2ª formação pelo Instituto Hellinger Sciência - em
andamento).
Doula - Grupo de apoio à maternidade ativa
(2014)
Tutora Estadual do Método Canguru - Ministério
da Saúde (2016).
e-mail: repinotti@gmail.com
Consultório: Rua do Seminário, 1982 –
São José do Rio Preto (17) 99660 7878
Instagram: @alegria_alimentar
Excelente !!! Parabéns Renata Pinotti !!! Um grande olhar de amor para si mesmo com o olhar sistêmico !!! A abordagem sistêmica é perfeita no contexto de nutrição, obesidade e má alimentação! Gratidão !
ResponderExcluirRe, minha Xara! Há mais de 10 anos acompanho seu trabalho e agora mais ainda. Estou amando aprender sobre constelação familiar e sou grata a você por isso!
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