“Liberto do gelo são rios e riachos” são as palavras no Fausto, de Goethe,
quando o estudioso passeia com seu assistente num sol de primavera. Quando nos
sentimos libertos, inspiramos e sentimo-nos pertencentes a tudo, vinculados a
tudo, como se fôssemos todos Um. Finalmente o gelo que mantinha nossos
relacionamentos congelados, degelou. O fluxo do respeito mutuo e o ir e vir de
nosso Amor pode novamente fluir. O que, acima de tudo, desfaz o gelo? O sol e o
calor, sua luz mais quente. O que acima de tudo, permite que nossos
relacionamentos congelados possam fluir novamente? É o amor mutuo. Sentimos seu
livre fluir em cada célula de nosso corpo. Sentimos no brilho de nossos olhos e
no abrir dos braços. Sentimos nos passos que caminham para estar juntos. Deixa
o passado para trás. O que deixava ou deixa nosso amor congelar-se? É aquela
assim chamada Culpa. Outros nos fizeram algo errado e nos o fizemos a alguém.
Então irrompeu entre nós o congelamento. De certa forma tal se aplica a nossa
relação com Deus, para aquele Deus punitivo, a quem a nossa Culpa pedia
expiação, um terrível castigo. Embora os cristãos redimidos pela morte de Jesus
na cruz devam verificar: num grau mais elevado o gelo entre eles e aquele deus
foi realmente quebrado com esta expiação? Mantém-se ante Ele de forma
reverenciada e humilde e batem-se no peito com confissão: “Por minha culpa, por
minha máxima culpa”? Não seria necessário outra Páscoa e outro passeio de
Páscoa para nos deixar respirar livremente? Não seria preciso o sol e o calor
deste para se ter outra imagem de Deus? Que imagem seria esta? A imagem daquele
Deus Criador, que diz, em cada momento, "Eis que faço tudo Novo."
Como? Com o amor que abraça todos igualmente, todos, inclusive os chamados
pecadores.
O que fizeram os cristãos e com eles muitas outras pessoas, a este Deus, levando-o as profundezas com seus pensamentos de Culpa e Expiação, como se a Culpa não fosse também uma força criadora, que no fim nos empurra e conduz a um outro amor? Sem expiação? Sem a associação expiatória da autodestruição, da destruição de outros e finalmente a destruição da criação? Onde fica aqui o Sol? Onde fica o seu calor gerador de vida? Onde fica aqui aquele poder criador, ante o qual nada pode existir que lhe enfrente, nem culpa, nem expiação? Então é preferível que façamos nosso passeio de Páscoa de forma diferente, libertando nosso coração do gelo, do gelo desta imagem de Deus, que congelou o nosso amor? E Tal Origem Criadora - faz cada sentido indigno, aquele poder, de onde tudo provem, tal como é?
Libertados deste Gelo, nossos corações batem mais forte.
Como?
Com uma nova imagem do Amor de Deus, com um novo Amor para nós mesmos, e para todos os demais, libertos do gelo de qualquer culpa e expiação ." Bert Hellinger
Texto traduzido do alemão escrito por Bert Hellinger. Trata-se de uma livre tradução para o alemão feita por René Schubert. Abaixo segue o texto original em alemão:
Befreit
„Vom Eise befreit sind
Strom und Bäche“, heißt es in Goethes Faust, als der Gelehrte in der
Frühlingssonne mit seinem Gehilfen spazieren geht. Wenn wir uns befreit
fühlen, atmen wir auf und fühlen uns zugleich mit allem rings um uns her
verbunden und eins. Endlich ist das Eis gebrochen, das unsere Beziehungen
einfrieren ließ. Der Strom der gegenseitigen Achtung und das Hin und Her
unserer Liebe können erneut fließen.
Was vor allem bricht das
Eis? Die Sonne und die Wärme, ihr wärmendes Licht. Was ist es vor allem, das
unsere eingefrorenen Beziehungen wieder fließen lässt? Es ist die gegenseitige
Liebe. Wir spüren ihr befreites Fließen in jeder Zelle unseres Körpers. Wir
spüren sie in unseren leuchtenden Augen und unseren ausgebreiteten Armen. Wir
spüren sie in unseren Schritten wieder aufeinander zu. Sie lassen das
Vergangene hinter sich. Was ließ und lässt unsere Liebe vor allem einfrieren?
Es ist die sogenannte Schuld. Andere haben uns etwas angetan und wir ihnen.
Danach brach zwischen uns die Eiszeit an.
In gesteigertem Maße gilt
das für unsere Beziehungen zu Gott, zu jenem strafenden Gott, vor dem unsere
Schuld Sühne verlangte, eine schreckliche Sühne. Auch wenn sich die Christen
durch Jesu Tod am Kreuz erlöst erfahren dürfen: ist nach dieser Sühne das
Eis zwischen ihnen und diesem Gott wirklich gebrochen? Bleiben sie vor ihm auch
weiterhin demütig gebeugt und schlagen sich an die Brust mit dem Bekenntnis:
„Durch meine Schuld, durch meine übergroße Schuld?“ Bräuchte es nicht ein
anderes Ostern und einen anderen Osterspaziergang, um uns befreit aufatmen zu
lassen? Bräuchte es nicht die Sonne und die Wärme eines anderen Bildes von
Gott? Was wäre das für ein Bild? Das Bild jenes Schöpfergottes, der in jedem
Augenblick sagt: „Siehe, ich mache alles neu.“ Wie? Mit einer Liebe, die alle
gleichermaßen umfasst, alle, auch die sogenannten Sünder. Was haben die
Christen und mit ihnen viele andere Menschen diesem Gott nur angetan, dass sie
ihn mit ihren Vorstellungen von Schuld und Sühne in ihre Niederungen gezogen
haben, als wäre nicht auch die Schuld eine schöpferische Kraft, die uns am
Ende zu einer anderen Liebe zwingt und führt? Ohne Sühne? Ohne die mit der
Sühne einhergehende Selbstvernichtung und die Vernichtung anderer und
letztlich die Vernichtung der Schöpfung? Wo bleibt hier noch die Sonne? Wo
bleibt hier ihre Leben zeugende Wärme? Wo bleibt hier jene schöpferische
Macht, vor der es nichts geben kann, was ihr entgegensteht, auch keine Schuld
und keine Sühne? Also gehen wir lieber anders auf unseren Osterspaziergang,
auch unsere Herzen vom Eise befreit, vom Eis jenes Gottesbildes, das unsere
Liebe einfrieren ließ? Jener schöpferischen Ursprungs- macht in jeder Hinsicht
unwürdig, jener Macht, von der alles kommt, wie es ist?
Von diesem Eise befreit,
schlagen unsere Herzen höher. Wie? Mit einer neuen Gottesliebe, mit einer
neuen Liebe zu uns und allen anderen, vom Eis jeder Schuld und Sühne frei.
Bert Hellinger - http://www2.hellinger.com/home/
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