Rupert Sheldrake
Ciência - 476 páginas
INSTINTO ANIMAL
O
biólogo Rupert Sheldrake pesquisou e escreveu o livro Cães Sabem Quando
seus Donos Estão Chegando. O livro, um best-seller, é uma compilação de
casos – alguns acompanhados mais de perto e outros mais à distância –
de animais de estimação que demonstram poderes maiores do que a ciência
tradicional seria capaz de admitir ;Seguindo sua linha polêmica,
Sheldrake defende que animais têm habilidades que nós, humanos,
perdemos. Por isso, têm muito a nos ensinar.Para pesquisar os casos
citados no livro, Sheldrake seguiu três passos. Primeiro, ele e sua
equipe entrevistaram pessoas que têm experiência em lidar com animais:
treinadores, veterinários, cegos com seus cães-guia, tratadores de zôos,
proprietários de canis e gente que trabalha com cavalos. O segundo
passo foi espalhar aleatoriamente questionários sobre comportamento
animal em residências que possuíam animais de estimação nos Estados
Unidos e nos países britânicos. Por fim, alguns casos foram separados
para um estudo monitorado. O resultado é um apanhado de casos
documentados que surpreende os mais céticos. Como o do cão Jaytee.
Cães que sabem
Jaytee
foi adotado por uma secretária de Manchester, Inglaterra, chamada
Pamela Smart. Os pais de Pamela percebiam que, meia hora antes de a
filha voltar do trabalho para casa, Jaytee se postava em frente à porta
de entrada e esperava por ela. Como ele sabia que ela estava chegando?
Curiosa com o fato, Pamela entrou em contato com Rupert Sheldrake e se
propôs a colaborar com sua pesquisa. Durante 100 dias, ela e seus pais
mantiveram um diário duplo anotando detalhes das rotinas de Pam e do
animal. Sob a orientação de Sheldrake, Pamela começou a inserir algumas
variáveis em seu comportamento para testar a capacidade de Jaytee de
antecipar sua chegada. Seria o cheiro? Dificilmente: a dona estava entre
seis e 60 quilômetros de casa. Como sentir qualquer cheiro a essa
distância no caos urbano? Será que o mascote reconhecia o motor do
carro? Tampouco. Pamela começou a voltar para casa de táxi, de bicicleta
ou a pé e o cão continuou antecipando sua chegada. Seria a rotina?
Também não, pois variações aleatórias de horário não mudaram em nada o
fenômeno. Por fim, Sheldrake utilizou duas câmeras, com os cronômetros
sincronizados, para registrar o comportamento de Jaytee e os movimentos
de Pamela. Nada menos que 120 fitas foram registradas e analisadas. E
revelaram algo ainda mais intrigante. Jaytee não ia para a porta esperar
a dona no momento em que ela partia do trabalho, mas no momento em que
ela decidia partir. Era como se lesse seus pensamentos. Submetidos ao
crivo de outros cientistas, os dados foram considerados insuficientes e
passíveis de erro, mas Sheldrake insiste: cães têm poderes
extra-sensoriais. E não são só eles: gatos, papagaios, galinhas, gansos,
répteis, peixes, macacos, cavalos e ovelhas também os possuem.
Animais que curam
Rupert
Sheldrake afirma que, nos templos de cura da Grécia antiga, cães eram
tratados como co-terapeutas. A mais importante divindade de cura entre
os gregos, Asklépios, costumava manifestar-se por meio de “cães
sagrados”. Segundo Sheldrake, até Sigmund Freud, o pai da Psicanálise,
era acompanhado por sua cadela, uma chow, que não era apenas uma
companhia ou um animal de estimação, mas parte do processo a que ele submetia os pacientes. Freud acreditava em uma “cura pelo animal de estimação”, nas suas palavras. E, curiosamente, era o animal que avisava quando a sessão tinha terminado.
Sheldrake
indica no livro uma série de trabalhos acadêmicos realizados em
hospitais e clínicas demonstrando que pacientes que possuem animais de
estimação se sentem menos sós, ansiosos e deprimidos. E o bem-estar
emocional é um grande aliado de médicos na recuperação de pacientes,
porque melhora a resposta imunológica, entre outros benefícios. Segundo o
autor, essa interação acontece não por mágica, mas porque animais de
estimação oferecem o que poucos humanos são capazes de oferecer: amor
incondicional.
Mas
o benefício da ligação entre o dono e o animal transcende o mero
companheirismo. Segundo o biólogo, os animais cuidam de seus donos,
conhecem suas doenças e os ajudam a se tratar, de forma deliberada, como
mostram os relatos apresentados em seu livro. Uma mulher do norte da
Inglaterra conta que, numa noite de profunda depressão, resolveu se
matar tomando uma overdose de calmantes. Seu spaniel chamado William
pela primeira e única vez em 15 anos de fidelidade total se colocou
agressivamente entre ela e o vidro de remédio, rosnando com fúria e
mostrando os dentes. Ela desistiu do suicídio e o cão voltou à mansidão
habitual.
Christine
Murray, que mora numa cidadezinha perto de Washington, capital dos
Estados Unidos, tem uma mestiça de pitbull e beagle chamada Annie. Cerca
de duas vezes por semana, Annie pula no colo de Christine e começa a
lamber seu rosto furiosamente. Imediatamente, Annie pára o que estiver
fazendo e se acomoda no chão. Em poucos minutos, tem um ataque
epilético. A cadela não falha. Ela parece saber que a dona vai ter um
ataque e a avisa. Há o caso também de uma epilética alemã de Hamburgo
que possui um casal de vira-latas. Quando o ataque começa, os dois estão
sempre por perto, e um deles tenta se colocar entre a doente e o chão,
para amortecer- lhe a queda.
Senso de direção
Desde
a década de 1930 o alemão Bastian Schmidt realiza detalhados estudos
sobre orientação animal. Ele foi um pioneiro em testar teorias ao
abandonar cães em lugares desconhecidos e observar seu comportamento. A
observação mais importante colhida por Schmidt foi a de que nos
primeiros cinco a 25 minutos o animal não “farejava” o caminho de volta.
Ele levantava a cabeça, observava os arredores, como que estabelecendo
sua localização. Em seguida, o cão simplesmente sabia a direção de casa –
e seguia para lá.
Sheldrake
não podia deixar de testar esse poder. O biólogo conheceu, em
Leicester, uma collie-de-fronteira mestiça chamada Pepsi que tinha um
estranho costume: fugia de casa e reaparecia na residência de algum
parente ou amigo do seu dono. No verão de 1996, Rupert Sheldrake
instalou um receptor GPS (o sistema de posicionamento global) na coleira
de Pepsi e a largou a 3 quilômetros de casa, às 4h55 da madrugada. Às 9
horas da manhã a cadelinha foi achada curtindo um sol tranqüilamente na
casa da irmã do seu dono. Cada um de seus movimentos foi registrado
pelo GPS. Com a ajuda de um mapa da cidade, Sheldrake descobriu que,
assim que foi largada, Pepsi procurou a casa mais próxima conhecida,
depois foi para a seguinte e assim por diante. Em pouco menos de quatro
horas, já havia passado por 17 lugares guardados em sua memória.
Seguindo seu padrão de comportamento, logo ela estaria em casa, pronta
para uma nova aventura.
Como
animais se guiam? Pelas estrelas, por campos magnéticos? Sheldrake
considera essas teorias mecanicistas e ultrapassadas. Cita vários casos
de cães que descobriram o túmulo de seus donos sem nem sequer
testemunhar a morte deles. E conta a epopéia de Prince, um Irish Terrier
que, durante a Primeira Guerra Mundial, saiu de Londres para encontrar
seu dono no caos das trincheiras da França (e se tornou uma espécie de
mascote das forças britânicas). O que estrelas e campos magnéticos têm a
ver com isso?
Telepatia
Rupert
Sheldrake afirma que essa ligação entre homens e cães se deve ao longo
tempo de convivência entre as duas espécies, que já dura 100 000 anos,
quando os primeiros cachorros foram domesticados. Graças a essa conexão,
os animais “lêem os pensamentos das pessoas”. Eles parecem sentir
quando seus donos precisam de ajuda ou de apoio emocional. Algumas
dessas manifestações se revelam em pequenos atos cotidianos. Gatos que
desaparecem no dia de ir ao veterinário. Cães que tremem na hora de uma
consulta, mesmo que seus donos simulem tratar-se de um simples
“passeio”.
Rupert
Sheldrake coletou mais de 1 500 casos de supostos contatos telepáticos
entre homens e animais. Histórias como a do gato Godzilla, que vive com o
relações-públicas David White, em Oxford. Por obrigação profissional,
White viaja muito por lugares tão diferentes quanto a África do Norte, o
Oriente Médio e a Europa continental. Não importa de onde ou quando
David White ligava, Godzilla subia à mesa e ficava ao lado do telefone
antes que ele fosse atendido. Mas só nas ligações do dono. Todas as
outras eram desprezadas pelo gato. Isso foi testado em várias condições e
variações, e Godzilla não falhava. Se o dono liga, ele parece saber. Um
caso semelhante ocorre com o cão Jack, de Gloucester: ele também só
fica ao lado do telefone quando seu dono liga. Com um detalhe: Jack se
manifesta uns dez minutos antes de a ligação acontecer.
MUITO BOM!
ResponderExcluirMaravilhoso!!!!!
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