De uma forma parecida, usando ou não esse termo, vivenciamos nas constelações a alma numa perspectiva sistêmica.
Podemos chamar de alma a força invisível que congrega num todo as experiências parciais, de forma que o todo é mais do que a soma de suas partes e de suas funções.
Ela não se identifica com nossa consciência, pois também inclui o inconsciente.
Não se identifica com os processos fisiológicos e físicos em nosso corpo e em nosso cérebro, por mais que esteja indissoluvelmente ligada a eles.
Não se identifica com o nosso sentimento, embora ele seja a sua forma de expressão sensível.
Ela não é o “núcleo” ou a “substância” de um todo; é, antes, um espaço que envolve uma totalidade viva é um “campo” que, abrangendo espaço e tempo, une e confere identidade a tudo o que constitui uma pessoa ou um grupo.
Alma Individual
Nessa perspectiva, poderíamos falar de uma alma individual como aquilo que faz de alguém essa determinada pessoa e congrega tudo o que lhe pertence: seu corpo, seu cérebro, seu espírito, seu pensamento, seu sentimento e sua ação, suas vivências, sua história – tudo o que fundamenta suas afirmações como um “eu”.
Alma Familiar
Contudo, podemos também falar de uma “alma familiar” – e é principalmente nela que se movem as constelações – como algo que, abrangendo espaço e tempo, faz de uma família esta determinada família, com suas respectivas pessoas, eventos, vivências, lembranças, decisões etc.
Alma Universal
De uma forma análoga, podemos falar da alma de uma linhagem ou de um clã, da alma de uma fábrica, da alma de um país ou de uma comunidade linguística.
Em todas as relações que constituem nossa vida, desde o eu, tu, ele, você, isso, nós, vós, eles, até nossa relação com a natureza ou com o cosmos em sua totalidade (o isso, em sua acepção mais ampla), estamos ligados, de diferentes maneiras, a “campos anímicos”.
Essa ligação, em sua grandeza e em sua totalidade, é o que Bert Hellinger denomina a grande alma.
Não é religião
Com isso ele não entende algo místico ou sobrenatural, mas a totalidade da existência individual, coletiva e cósmica, que nos aparece de forma incompreensível e cada vez mais misteriosa, à medida em que aumenta o nosso saber.
É ela que nos vivifica, sustenta, une e talvez mesmo dirige.
Alma como saber
Na alma, entendida dessa maneira, atua um saber que nos obriga – uma “consciência” – que nos proporciona, para além das informações conscientemente transmitidas e interpretadas, uma participação ciente – ou um conhecimento participante — em tudo aquilo a que somos vinculados.
Albrecht Mahr fala, nesse contexto, de um “campo ciente”.
Jakob Schneider
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