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15/12/2023

Terapia e Política


PARTICIPANTE: O senhor disse que não se pode, sem mais, transferir as
luzes resultantes deste trabalho para a política e que seria ruim se tentássemos fazer isso por esse meio. Pode esclarecer isso um pouco melhor?


HELLINGER: Como terapeuta não devo colocar-me no nível da política, pois aí atuam outras forças. Está claro para mim que a política é chamada a agir, de sua própria maneira, buscando a reconciliação. Porém os políticos têm uma vocação diferente e não temos o direito de misturar o terapêutico e o político. O que aconteceu aqui foi um procedimento terapêutico para a família de Reinhard. Querer transformar isso num movimento político seria antes subtrair do que somar. Os movimentos da alma não precisam disso. Eles são suficientemente fortes e atuam no tempo devido. Depois de algum tempo pode haver também uma mudança de consciência num campo mais amplo.

 
Devemos também ter em conta que essa dinâmica atua em muitos contextos diferentes. Entre as vítimas do holocausto e os perpetradores nazistas ela geralmente é mais impactante, embora também aqui tenha sido bem forte. Essa problemática também deve ser observada em outros países e exige soluções semelhantes. Por exemplo, no Chile presenciamos coisas semelhantes entre as vítimas do regime político e os perpetradores; em Buenos Aires, com as mães de desaparecidos; na Espanha, entre as vítimas da guerra civil. A constelação com as vítimas da guerra civil na Espanha foi documentada num vídeo que mostra como os mortos de ambos os lados se movem espontaneamente para um encontro mútuo, até que finalmente, reconciliados, jazem juntos em paz.

 


 Terapia e Política, do livro, Conflito e Paz: Uma Resposta, Bert Hellinger, Editora Cultrix.

Este livro esta sendo atualmente lido no Grupo de Estudos Online com mediação de Marcos Castro e René Schubert.

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